terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Avatar


Assisti no último fim de semana.

A história é manjadinha, nada que Pocahontas ou Dança com os Lobos já não tenham contado (aliás, chega a roçar até em Distrito 9): é o processo de transformação de um invasor que entra em contato com povo local, deixa-se levar por seus modos e costumes, ao ponto que chega a se indispor contra a sua cultura original, quando o inevitável conflito ocorre.

Manjadinha, como já disse. Mas se não renova, também não compromete.

O que interessa em Avatar, também, convenhamos, não é a história. E o que nele interessa, papagaio. To say the very least.

Não foi apenas criar uma raça alienígena. Foi criar um ecossistema inteiro. Eu levei algum tempo até perceber - porque me chamaram a atenção - que eu estava de boca aberta.

Ooooh, parte 15.

Chapei por duas horas e tanto. O filme é absurdamente bonito. Ainda por cima assisti em uma sala 3D, experiência que me deixa os olhos ardendo, o que acabei tendo que me lembrar tarde demais. Mas não interessa. Desde que meus globos oculares não caiam ou minha retina não descole, valeu cada minuto.

Bom rever Sigourney Weaver, cuja primeira cena foi saindo de um 'tubo'. Tive que rir. É uma espécie de habitat natural dela, cada vez que faz ficção-científica, especialmente a série Alien. Ela estava em Aliens - o Resgate, do mesmo James Cameron de agora, foi bom ver isto, e imaginar como foram as relações de velhos conhecidos nos bastidores. Do James Cameron, que é um dos diretores que parece mais à vontade filmando hardware do que gente de carne e osso - bem, digamos que ele chegou a um meio-termo. :) Achei um Cameron bastante disneyano, se compararmos justamente com seu outro filme pesado em militaria e alienígenas. Ok, a intenção não era e nunca foi fazer uma variante do filme de 86.

Thundercats, hooo!

A intenção era embasbacar.

Isso, eles conseguiram. Efeitos digitais pela Weta, a mesma de King Kong e O Senhor dos Anéis, e talvez uma liberdade criativa no campo visual como desde a segunda trilogia de Guerra nas Estrelas.

Como ficção-científica, a coisa mais interessante do ecossistema de Pandora é que boa parte das criaturas parecem vir com seu próprio cabo USB: isso torna a conexão/conectividade dos nativos com o que têm por sua divindade algo real e químico, aliás o jogo de 'depende' da natureza nesse mundo tem uma consistência mais física, direta, do que a física e observada, o que deixa o mundo como uma espécie de Grande Rede. E indo ainda além do fato biológico em si, o imaginário dos nativos - com elementos vistos aqui na Terra de povos indígenas, tais como o contato com os ancestrais e o respeito à presa abatida - tem um respaldo material e de causa-e-consequência mesuráveis.

Fico pensando, ainda, se já não estamos mais falando de um filme como, por exemplo, Cidade de Deus, Noivo Neurótico, Noiva Nervosa ou mesmo Caçadores da Arca Perdida. Há filmes dentro do razoável, e há circos como Avatar, O Senhor dos Anéis, a trilogia de Matrix, o novo Guerra nas Estrelas... grandiloquências onde orquestrar o orçamento e as milhares de pessoas - dá a impressão que seriam suficientes para povoar uma pequena cidade - envolvidas para um único propósito coerente me parece algo diferente demais para ser confundido, meramente por passar em um filme e na tela grande.

Para não dizer, como fica a experiência de interpretar, tendo que imaginar o que ocorre ao seu redor, convencer-se disto para convencer a audiência.

Enfim, sensacional. Um dia, faço fé, acertam na história.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Os 20 melhores livros da década...

... com todas as ressalvas, é claro. Aqui. Desta lista, conheço de muito boa fama o universo da Cultura, do Ian M. Banks e tenho Perdido Street Station, mas nunca consegui ler.

Slingers



Promo para uma produção inglesa que, se emplacar, será filmada em 2010. Gostei muito do material. Visual anos 60 nos anos 2.260.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Misfits

Peguem Heroes, adicionem Skin e ta-dááá: Misfits.

Sério, ouvi essa definição duas vezes, já. E concordo.

Explicando: Heroes é a série de tv badaladérrima sobre como um bando de pessoas normais de diversas origens passam, em um mundo normal, a ganhar super-poderes. Já é manjada, teve algumas degringolações, eu gostava muito, mas larguei, sem paciência para a próxima grandiloquência. A primeira temporada foi muito interessante, mas da segunda em diante a coisa ficou simplesmente entre o esquisito, o enrolado e o ruim.

Misfits é uma série nova, menos de meia-dúzia de eps até agora, sobre... bem, um bando de pessoas normais de diversas origens passam, em um mundo normal, a ganhar super-poderes. :) Mas as semelhanças param imediatamente ai (ou depois de ambas apostarem em 'transmidiação', nome bonitinho para dizer que veiculam a mesma estória, ou pedaços dela, em diferentes mídias, como nesta hq online, e se você não ler se bobear vai perder parte da graça, o que eu acho uma sacanagem, pessoalmente). Ao contrário de Heroes, temos pessoas realmente normais, jovens de 20 e poucos, na Londres atual, prestando serviço comunitário obrigatório como pena por pequenos delitos (lembrei direto de O Clube dos Cinco, mas em uma versão mais radical).

Skin, série inglesa sobre jovens nessa faixa etária e seu mundo e expectativas (ou falta de), é muito lembrada. E ao contrário de Heroes, não há bom-mocismos ou vilanias exacerbadas. O que há são um bando de garotos realmente desajustados - o 'Misfits' do título - de difícil convivência e assustados com o que passam. Não há, e espero que nem haja, conspirações ulteriores que revelem toda uma trama por trás.

Assim como Heroes, pessoas normais ganham poderes após um evento singular: ao invés de um eclipse global :-P , temos uma estranhérrima tempestade de grandes blocos de granizo que, com um relâmpago, confere poderes aos garotos. Já contaram que o autor pouco se importa em explicar a tal tempestade, ele quer mais é ver as consequências de, em um ambiente de 'a vida como ela é', o que acontece quando pessoas comuns ganham habilidades especiais.

E por 'a vida como ela é', entenda-se personagens com real vida sexual, consumo de álcool e drogas, palavrões a granel e tudo aquilo que dificilmente veríamos em um correlato americano. Ah, sim, e um ótimo texto, não nos esqueçamos.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Quem será o nosso Campbell?

... eu nem sabia que a Record havia lançado uma coletânea de FCB (Futuro Presente), até ler as resenhas de Octávio Aragão e a de Antônio Luiz Costa

Eu não posso senão ter a pior das impressões ao ler sobre os contos selecionados. Aparentemente, temos 400 páginas de pastiches de americanos como nem eles mais fazem, preconceitos raciais e de outros sabores, vieses políticos, "common-sense" - e as aspas não estão ai por ser um termo em língua estrangeira - e, impensável para o gênero: a mais pura desinformação científica. Não aquela que se resolve ignorar em prol de uma estória, de uma idéia, a la Bradbury: mas a da plena ignorância. Nada mais retrógrado do que ficção-científica? Pois, pois...

O que me faz lembrar de John Woodman Campbell, mítico - e folclórico... - editor americano que montou a dita Idade de Ouro da FC gringa, ao incluir também um embasamento maior, em termos de ciência: ao contrário do que se pode pensar, estórias assim também podem render boas e divertidas narrativas.

Parece-me claro que as referências e preocupações científicas dos escritores desta coletânea, em um bom dia, são de documentários dos canais History ou Discovery -- mas se isso é verdade, também o são as de quem quer que tenha sido o editor desta coletânea. Isso, pela questão científica - pelas opiniões pessoais expressadas, nem vou me alongar.

Ou seja, como fica mesmo aquele lance de se escrever sobre aquilo que se entende?

Se alguma resenha conseguiu me afastar de um produto, foram essas duas.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Dias da Peste...

... de Fábio Fernandes, pela Tarja Editorial. Há um excerto aqui. Acabei de ler (curiosamente, logo após ter assistido o último episódio da 1a. temporada de Dollhouse e disto aqui me ter caído em mãos, leitura promissora aliás), sabendo que seria algo que gostaria, como vem sendo com tudo que leio dele.

Este excerto já me ganhou pela introdução, apresentando a estória como sendo algo dentro de outra estória. No caso, a estória central, passada nos dias presentes, com o protagonista, é alvo de uma análise posterior, cem anos no futuro: há diversas notas de rodapé ao longo do texto, compreensível para nós, mas não inteiramente para "eles" que, pela introdução, estão bem mais integrados - amalgamados - com os computadores. Até onde li, isto de forma alguma interfere com a leitura.

Será uma boa aquisição para fim de ano.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Warehouse 13

Vem passando na Warner, #47 da Net. É no mesmo esquema de Fringe e, claro, Arquivos X, ainda que a idéia básica seja bem anterior: investigadores do paranormal indo, a cada episódio, atrás da verdadeira fonte de estranheza e horror acontecendo em algum lugar.

O "Armazém 13" fica em um ponto longínquo no Dakota do Sul, e abriga diversos artefatos sobrenaturais e paracientíficos: sabem aquele armazém do final de Caçadores da Arca Perdida e do início de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (quando é revelado chamar-se Hangar 16, em uma outra referência de Teoria da Conspiração), onde até o aliens de Roswell se encontram? Exatamente aquilo. É uma estrutura especial para abrigar tanta estranheza junta, havendo sido construído em 1914, por Thomas Edson, Nikola Tesla e M. C. Hescher. Onde estão os outros 12? Ao longo da História, a Biblioteca de Alexandria teria sido um deles...

As referências steampunk, aliás, vão embora: do videofone portátil à pistola de descargas elétricas de Tesla, sempre há alguma invenção genial de um século de idade. Os objetos problemáticos incluem coisas como o pente de cabelo de Lucrécia Borgia que faz com que mulheres passem a se comportar como megalômanas psicopatas, apenas para citar um episódio que vi.

A estrutura é bem simples: os protagonistas, um homem e uma mulher, são uma dupla de agentes federais transferidos para lá, sem saber exatamente o que diabos é aquilo, de cara se detestam e têm que conviver um com o outro. Fatalmente irão para a cama alguma hora, mas a gente não liga para isso. Há um agente veterano do W 13 enfurnado lá dentro, como um zelador do lugar. Mas aos poucos, algumas estórias dos personagens vão sendo reveladas, havendo mais do que aparenta.

A série tem um bom-humor que me vendeu, ao contrário de produtos semelhantes. Parece que já renovou para a próxima temporada. Procurarei acompanhar.

Link da wiki aqui.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Distrito 9

Assisti no último fim de semana, gostei do que vi. Pelo tema, podemos nos lembrar muito de Missão Alien, que até virou uma série de tv, e tem momentos que lembra muito A Mosca.

O filme (com um site maneiríssimo) é rodado em estilo documentário, alternando para câmeras de segurança, para dar a sensação de realidade, ainda que em certos momentos passe para a narrativa de um filme convencional sem maiores demarcações entre um estilo e outro. Eu não tive problemas com isso, mas ouvi gente que se incomodou.

Como em Missão Alien, uma grande nave alienígena chega, sem aviso algum, nos dias de hoje/futuro beeem próximo, com uma tripulação de refugiados. Aqui, passados alguns anos desde sua chegada, os alienígenas estão integrados à sociedade, ainda que pairem sempre problemas racistas (o filme é um grande tratamento sobre a questão dos imigrantes nos EUA, nos dias de hoje do fim da década de 80). Em D9, a questão do racismo é exarcebada ao extremo.

Apostando na palavra alienígena, os aliens de D9 são humanóides (cabeça, tronco, membros), mas não são antropomórficos como em Missão Alien (sim, eu sei: efeitos especiais de agora e de então, verba, e qualquer outro etc.), tendo um visual insetóide (o apelido pejorativo era prawn, camarão) que causa uma certa repulsa visual, e um comportamento nervoso aos nossos olhos que, decerto dificultaria a empatia e a comunicação em um caso real. Nojeiras orgânicas pululam no filme, aumentando a sensação de querer vê-los pelas costas o quanto antes.

Em Missão Alien, é dito que os visitantes são ex-escravos fugidos de alguma força galáxia afora, e são essencialmente trabalhadores pesados, ainda que se destaquem, para padrões humanos, também em algumas faculdades mentais (há toda uma reclamação sobre como os alienígenas estão tomando nossos empregos, no filme antigo). Em D9 também, mas há um comentário sobre como eles parecem carecer de uma força de vontade maior, o que seria o motivo pelo qual eles não se integrariam à sociedade, ou porque adotam um comportamento quase mendicante, sempre revirando lixões. O acampamento inicial, para onde os alienígenas haviam sido transportados, após serem descobertos em sua nave estando extremamente doentes, vira uma autêntica favela, com problemas de saúde e criminalidade.

District 9: quanto mais as coisas mudam, mais continuam as mesmas...

O fio condutor é a transformação, forçada, do ponto de vista do protagonista, o encarregado de executar o despejo da favela para um outro distrito da cidade (nenhuma outra que Johannesburgo) mais "urbanizado" - na verdade, há uma grande procura por artefato alienígenas entre todo aquele lixo. O protagonista, a quem se quer matar por 90% do filme, é quase um estereótipo, mas eu acho que funciona: um burocrata sem maiores brilhos, completamente insensível aos alienígenas, adepto de qualquer pensamento racista que possa aparecer, covarde, oportunista e burro. Muito burro.

O filme, aliás, aproveita-se de alguns tratamentos do caráter de seres humanos que programas como Quinta Dimensão e similares já dispensaram: dado a oportunidade de discriminar, todos os seres Humanos são iguais, independente de cor. Sem querer entregar maiores detalhes do filme, é só comparar como brancos e negros, à sua maneira, querem o poder dos alienígenas, por assim dizer, e farão qualquer coisa - qualquer coisa - para obtê-lo (destaque para o uso de companhias mercenárias privadas, alusão à Blackwater, utilizada por companhias americanas no Iraque a título de segurança).

É um filme de baixo orçamento, produzido por Peter Jackson, o diretor da trilogia de O Senhor dos Anéis. O diretor é Neil Blomkamp, com poucos filmes no currículo, assim como os atores principais. Achei que valeu à pena assistir, apesar de um ou outro detalhe que estranhei mas que não acho que comprometa o resultado geral. Espero que mais boas obras de Blomkamp venham.

Adendo de 10 de Novembro: uma opinião bem-embasada sobre o filme do meu prezadíssimo Lucio Manfredi, roteirista e escritor, pode ser encontrada aqui.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A Ameaça do Contínuo

... é um conto meu escrito anos atrás, para a Intempol (r). O organizador deste shared universe o disponibilizou online.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

StarGate Universe

Senão, vejamos: Grupo díspar sobrevive à hecatombe planetária indo parar em nave caindo aos pedaços, tem que aprender a conviver entre as briguinhas de ego e o doutor que gushes with evil intent/but why is he the only one with English accent?, enquanto são filmados com pouca luz, câmera no ombro e zoomzinho nervoso.

Sério, vergonhoso. Pareceu uma caricatura de BSG Galactica.

Vexaminoso.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Duas

Cyberpunk 2.0 é uma atualização do livro de Herlander Elias sobre esta vertente da FC, e está disponibilizado no link gratuitamente.

O Olho do Mundo é o primeiro livro da série A Roda do Tempo (Wheel of Time), do falecido Robert Jordan, no Brasil publicado pela Caladwin Editora. Confira uma resenha pela Rede RPG.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Ficção Científica & Afins

É o blog mantido por Ana Cristina Rodrigues sobre o assunto, que ecoou a resenha de The Godmakers, abaixo.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

The Godmakers

Planos dentro de planos, psiquismo misturado com religião, uma ordem secreta de mulheres conspirando nos mais altos escalões da política, um ar 'árabe' permeando toda a estória - Duna? Não, The Godmakers.

New English Library, (c) 1984

Escrito por Frank Herbert em 1972, sete anos depois de sua grande obra, Duna, o livro ostenta estas similaridades , levando-me a crer que, se não lhe for um tema recorrente (é o terceiro livro apenas que li de Herbert, além do já citado e de uma tentativa frustrada de ler sua primeira continuação, O Messias de Duna), talvez ele tenha sentido que não tinha dito tudo com essas fontes de inspiração.

As semelhanças, apesar de fortes, não impedem de revelar um livro de aventuras e mesmo de bom humor, algo que não sabia que Herbert era capaz - convenhamos, deve haver poucas obras mais sisudas do que Duna escritas na FC.

A estória, em um futuro distante, gira ao redor de Lewis Orne, um agente do governo galáctico, recém-saído do treinamento, a serviço de uma agência oficial que investiga o clima psicológico de mundos perdidos da grande civilização, em geral com o contato perdido após guerras civis. Orne tem excepcional habilidade, um verdadeiro faro para o assunto, nas mais tênues pistas decifrando tramas e armadilhas em mundos humanos e mesmo alienígenas.

Ao mesmo tempo, uma linha de eventos paralelos nos leva a Amel, um planeta onde todas as religiões e subsectos convivem sob a paz da Trégua Ecumênica, e os sacerdotes se empenham em uma atividade muito curiosa: a criação de um deus. Deuses não nascem, são criados, afinal de contas. E a forma de criá-los envolve todo um mumbo-jumbo místico-psíquico que os leitores de Duna já conhecem. Aliás, as notas de início de capítulo são um recurso já manjado, da mesma obra... e que funcionam muito bem também aqui, devo dizer. Mas tudo isto leva à criação de um deus, preconizado logo no início, e revelado nos episódios finais do livro.

Os desdobramentos do mumbo-jumbo talvez se devam à época em que foi escrito. Experiências sensoriais, drogas, misticismo, havia um quê a se acreditar que em algum ponto, isto tudo se conectava. É uma leitura bastante interessante, embora tenha que se prender à lógica própria do autor, para se seguir o raciocínio. E em falando de temas recorrentes do autor, política e sistemas de governo também têm seu papel no livro.

A estória tem um trecho um pouco estranho, ao meu ver: a ida ao mundo em que a conspiração de mulheres que citei lá em cima seria apresentada aos leitores, através de investigações e desdobramentos, simplesmente é substituída já pela volta do personagem, direto para a CTI, onde fica longos meses à beira da morte, após um clímax fatal envolvendo a revelação da tal conspiração. Necessidades editoriais? Falta de paciência do autor? Era para ser assim mesmo? Não sei, mas que achei estranho, sim, achei.

De resto, tem um quê de aventuras espaciais antigas, onde o papel feminino ainda consegue ser mais estereotipado do que o masculino: apesar de toda a capacidade intelectual daquela que será o amor verdadeiro do protagonista, ela praticamente só surge para disto se ter certeza e se preocupar com a saúde deste, e em seguida sair da trama.

É uma estória, no final das contas, interessante, apesar de momentos que achei irregulares. Serviu para conhecer um pouco mais da obra do autor. Na wikipedia, um brevíssimo artigo conta que este livro é uma espécie de interseção entre dois universos fictícios do personagem, o de Duna, e o da CoSentiency, de que nunca ouvi falar.

Foi uma companhia interessante.

Virtuality

Virtuality (2009) é um telefilme, piloto para uma série, criada por Ronald D. Moore, que se destacou recentemente por nos dar um complexo remake de Battlestar Galactica. Bem, vê-se lições foram aprendidas.

A história: em mais um ou dois séculos, o meio-ambiente estará tão alterado que a raça Humana encara sua própria extinção. Uma nave é construída para alcançar um sistema solar próximo ao nosso – Epsilon Eridani (vizinhança famosa) – levando uma dúzia de cientistas, que esperam alcançar o sistema em tempo hábil e determinar se há um mundo colonizável.

Até ai, o plot básico não é exatamente novidade, a nave que busca por um mundo novo é de, pelo menos, Patrulha Estelar (longa novíssimo para 12 de Dezembro próximo). O que cai matando é o tratamento: ao invés do ponto central ser somente o sucesso da missão ou algo mais técnico, o que realmente importa na história é a viagem em si, que deixa o ponto central do filme focar – como em BSG Galactica – nos dramas humanos, explorados de duas formas: para ajudar a saúde mental dos tripulantes, um complexo sistema de realidade virtual existe, permitindo que os tripulantes programem seu relax como quiserem com o assunto que preferirem, sozinhos, a dois ou mais. É um programa de realidade virtual, ao invés de um holodeck como em Jornada nas Estrelas, com visores especiais, mas que substitui a realidade 1.0 o suficiente para as sensações vividas serem fortemente prazeirosas, ou igualmente traumáticas.

A realidade virtual como ferramenta importante na construção de tramas e relações está presente, também em Caprica, spin-off de BSG Galactica, cujo telefilme homônimo recebeu críticas positivas e um go para se tornar série, em breve – and then there was much rejoicing.

A segunda forma de exploração dos dramas é uma idéia que eu achei fenomenal: bancada por uma poderosíssima corporação financeira, eles resolvem que não basta a sobrevivência da raça humana como forma única de pagamento: a tripulação é submetida a um constante reality show de si próprios. Com direito a “confessionário”. Não ajuda muito o psicólogo da equipe ser também o operador da mesa de edição da nave, recheada de câmeras para tudo quanto é lado. Conflitos e pequenas baixarias fazem o deleite de 5 bilhões de telespectadores, enquanto esperam, de boca aberta cheia de dentes, pela morte chegar. Ah, e a rede de tv que transmite esse programa é a própria emissora deste telefilme, nenhuma outra que a Fox Television.

Como Ficção-Científica, é algo que se aproxima bastante da hard s.f., tendo a nave – com o ominoso nome de Phaeton – gravidade artificial através de um carrossel e não podendo ultrapassar a velocidade da luz. O sistema de propulsão é baseado no modelo Órion, em que explosões nucleares são utilizados para impulsionar um veículo. Pormenores – porém jamais insignificantes – físicos podem ser discutidos, mas em termos de subgênero, para a televisão talvez seja as good as it gets.

(o que faz lembrar um pouco 2001 - Uma Odisséia No Espaço, assim como pela presença do computador central que, sempre com uma voz calma e ponderada, nunca tem exatamente idéia do que acontece, apesar de seu olho brilhante em todos os aposentos da nave.)

Mas não foi aproveitado: ao que tudo indica, ficou mesmo só no telefilme. Impera a mediocridade, creio... bem, é a Fox. :-/

reStart Trek: This Ship Has Sailed

Após o Lamento do Último Fã, eu decidi que deveria pelo menos falar bem daquilo que eu genuinamente gostei do filme. Eu dei nota 5, na verdade. Disse, não é nenhuma podreira como os dois últimos que foram feitos (aliás, convenhamos, os filmes da Nova Geração são podres, via de regra). Mas também não vou me alongar nisso mais - this ship has sailed.

Reparem que, lá embaixo, eu em momento algum contemporizei sobre o departamento visual da antiga série, ou ressaltei as virtudes do do novo: não é por ai que a minha banda toca. Acho que deve haver uma história, uma boa história antes, tanto na premissa como em sua condução.

Um dos maiores defeitos de Star Trek foi o world-building, desde o primeiro ano da primeira série. Era uma série episódica, com aventuras independentes, que dificilmente faziam alguma menção, se que é fizeram ao longo de seus três anos, uns aos outros. Como era a televisão de então, para esse tipo de produto, levando em conta o que esperava de seu público-alvo. Nem a ordem de produção dos episódios foi levada em conta, na distribuição. Há ali episódios em que certos elementos coadjuvantes à trama são trocados sem maiores explicações, mas pelo menos sem maior profundidade (a idéia da Federação não parece estar nos primeiros episódios, havendo referências, entretanto, à Terra como corpo governante). Outros tantos detalhes "técnicos" como exatamente qual a velocidade de cada fator de dobra variavam loucamente.

Em compensação, haviam histórias excelentes.

Quando se provou algo rentável, especialmente após o sucesso no cinema, uma nova série foi feita, com um approach fundamental diferente: ao invés de ser uma série puramente episódica, resolveu-se que as coisas seriam melhores entrelaçadas. Mas, para isso, há que se ter o tal do world-building acima bem construído - mas como fazer isso, se a série original, cada vez mais cultuada, era falha em tantos aspectos?

Olhando em retrospecto, é fácil agora apontar o erro - a falta de sinceridade com o público-alvo: "Olha, gente... nós todos amamos aquela série, mas ela tem mais furos do que queijo suíço. Estamos tentando continuar aquele universo, estamos tentando incluir o máximo possível de coisas referentes àquilo, mas fatalmente certas coisas serão ignoradas. Bola pra frente. Tentem não perder a voz se esgoelando, obrigado."

Mas eles resolveram que "fã de Star Trek não liga para continuidade", e persistiram no erro, filme após filme, série após série. É mais fácil assim, convenhamos, do explicar a cada novo escritor os do's and dont's depois de um certo ponto mais básico.E é porque exatamente o que foi resolvido - o fã médio de Star Trek também não tá nem ai: basta uma nave e uma fanfarra de fundo para todos começarem a salivar pelo canto da boca. Há tempos que digo que a gradativa queda da qualidade das histórias - independente da questão do canon - é principalmente por causa desse tipo de fã, que compraria no e-bay cocô de cachorro com um carimbo em relevo escrito "star trek".


A quebra da continuidade aqui é proposital pelo plot em si (ainda que continue quebrando, independente do plot...), em se tratando de que agora todos são uma realidade alternativa. Isso faz se livrar do monstrengo de quarenta anos de episódios e filmes desencontrados, e um novo início fresco, sem vícios, localizado antes e o que deveria ser o início jamais realmente contado da tripulação da apenas USS Enterprise, "no bloody A, B, C or D!".

Ora, se não foi contado, então poderia ser um início tão bom como outro qualquer. E, de fato, até que foi: na maiden voyage da USS Enterprise (como em Star Trek I, V), a situação se dá de tal maneira que a tripulação é constituída apenas de cadetes (Star Trek II) e jovens oficiais, e que têm na marra que resolver a situação. No processo, passam a ter que cooperar entre si, mesmo não indo com a cara um do outro (ou ainda, ninguém indo com a cara do agora insuportável James T. Kirk). Mais clichês, mas, que diabos?

E ai está o cerne, digamos. O encontro, a promessa de contar as histórias do dia 1. Na velha série, sugere-se que os oficiais ali, por mais que tenham crescido uma amizade em comum em frente às câmeras, antes da primeira filmagem já terem suas carreiras consolidadas, tendo conseguido postos na USS Enterprise, dita então uma das 12 battleships da Frota Estelar, tipo de nave que não é qualquer um vagabundo que podia entrar. James T. Kirk estava lá aos 34 anos de idade, o mais jovem oficial a tomar aquele tipo de comando. Ou seja, havia uma valorização em quem pisava lá dentro: e nada por ninguém ali ser alguma espécie de figura messiânica, esse já-clichê que vem empesteando o cinema fantástico ultimamente. Mas por mérito próprio. Competência. Capacidade. E não acaso... ou marra.

Da re-tripulação, bom ver Uhura como uma personagem de verdade, ainda que pouco faça na trama, efetivamente (eu sou mais as pernas da Nichelle Nichols, mas isso sou eu). Zachary Quinto faz Spock de uma maneira habilidosa, também não está ruim por si, embora os vulcanos de forma geral mais me parecessem empedernidos britânicos do que alienígenas realmente acostumados a privar-se de emoções (lembrando-me mais dos vulcanos da última série feita, Enterprise, a qual odeio profundamente, do que os vulcanos da série antiga). Simon Pegg, o inesquecível Shaun de Shaun of the Dead/Quase Todo Mundo Morto, faz um engenheiro-chefe Montgomery Scott mais alegre do que eu tenho na mente que fazia James Doohan, mas àquela altura do filme, rever Pegg foi uma grata surpresa - apesar do "Umpa-Lumpa com problemas de acne" (tm by Phil Plait).

Mas o meu destaque foi para quem eu menos achava que daria certo, face a disparidade física com DeForest Kelley: Karl Urban está nota 10 na interpretação de Leonard McCoy, o médico ranheta de bordo.

E de resto? Hum... visualmente está um esplendor, mas até ai, duh! É a Industrial Light & Magic em um filme de J. J. Abrams, ou seja, a ninfomaníaca se encontra com o priápico: o resultado é memorável.

Ritmo taquicárdico, ação, ação, ação... sem dúvida que aqui está excelente.

E o que mais, mesmo? Mais do mesmo?

Pois é. A impressão que fica é que se tirar o frisson de "é Jornada nas Estrelas", fica um filme de ação boboca. Se tirar o filme de ação boboca, fica uma representação torta de um universo igualmente torto, mesmo com a premissa da renovação. Envolvidos pelo mais reluzente celofane.

Eu tenho a impressão que esse filme, que vem agradando até a fãs mais velhos e mais exigentes, tem seu sucesso por causa exatamente do referencial próximo: dois filmes um pior do que o outro e uma série horrorosa. O que viesse era lucro. Quando entra no projeto o produtor hype do momento, pronto: ficou uma sensação de que Pai J.J. Moses viria para levar o povo trekker para a Terra Prometida, além da fronteira final e onde nenhum Berman jamais esteve. Enfim.

Por último, meu prezado Dom Bezerra disse que o grande erro do filme foi que ele não se afastou o suficiente do velho título, não mudou o bastante. Não sei, não sei mesmo. Acho que não adianta mudar. Eu não creio que, a futuro, com novos filmes, vá haver uma melhoria no problema básico: acho que periga continuar o mesmo vício. Uma nova continuidade, apenas para ser quebrada em prol da boa idéia do momento, da ignorância de quem escreve ou produz sobre o item anterior, e da falta de exigência do espectador.

E ai eu me toco o seguinte: o motivo do filme - uma nova cronologia - é falacioso. Cronologia em ST é problemática? Sim. Mas não é o problema de ST.

O problema de ST, nos últimos quatro produtos - duas séries e dois filmes - é que eles simplesmente são muito ruins. Continuidade falha apenas é parte do problema, não é o problema. E quanto mais não seja - fã de Star Trek não liga pra continuidade. É sério.

Não precisa destruir tudo. Basta apenas decidir o que é e o que não é. O filme é safo nisso. Notem que Spock-Nimoy sobrevive até o final. Ali está a chave para restaurar o que for, com seu conhecimento de física temporal do Século XXIV - ele sabe como voltar no Tempo o suficiente para catar baleias e salvar a Terra, afinal - e de História pregressa. Ou seja, não há sequer um compromisso mais sério em se propor algo "novo".

É, gente, desculpe, era só pra agora falar bem do filme, mas... enfim, de volta aos anos 90.

originalmente em 5 de Maio de 09

sábado, 9 de maio de 2009

Star Trek

Star Trek: Once Upon A Time...

Era uma vez uma série nos anos 60 na televisão americana que contava histórias de ficção-científica, sobre uma tripulação multinacional e étnica, de uma era em que a Humanidade estava unificada sob uma regra benevolente, havendo encontrado alienígenas que haviam ou se aliado em uma pacífica busca pelo conhecimento estrelas afora, ou à ela se oposto francamente, gerando inevitável conflito.

Era uma série em que não bastava apertar o gatilho todas as vezes. Havia momentos em que se questionava sobre apertar o gatilho, ou mesmo se violência era a melhor solução, assim como suas consequências. Sim, havia essa série, que ousava propor questionamentos éticos e dilemas morais, por mais rasos que pudessem ser dentro das limitações do formato - mas eles tentavam. Mesmo. Acreditem, essa série existiu.

A série durou, entretanto, apenas três anos, com problemas entre audiência e grade de programação, com o último ano recheado de episódios de baixa qualidade em suas histórias.

Um belo dia, dez anos após o encerramento ou quase, fizeram um filme. Um filme grandioso, kubrikiano em mais de um sentido, mostrando a velha turma um pouco mais... velha. E ai fizeram outro filme. Sensacional, resgataram um vilão da velha série, foi duca. Fizeram um terceiro. E um quarto. Um quinto. Um sexto. Fizeram também, a essa altura, uma nova série, passada 80 anos depois ou quase, dos eventos da primeira série. Fizeram mais outra série, e outra, e outra. Também fizeram mais quatro filmes.

Mas talvez tenham feito demais. Mas como resistir? Era lucrativo demais para não se manter o nome vivo - fora jogos e uma miríade de produtos franqueados. Uma galinha dos ovos de ouro. Não obstante alguma coisa ter se perdido... menos ideais, mais expediência, talvez. Mais histórias em cima de efeitos especiais. Reciclagens de velhos temas abordados, apresentados sob novos efeitos. Algo simplesmente não dava mais certo.

Star Trek: To The Absent Friends

Há dez anos ou o que seja que eu me refiro a Jornada Nas Estrelas como um querido amigo de infância, companheiro de todas as horas, e até de início de adolescência, mas que lá pelas tantas passou a se envolver com más companhias e drogas pesadas: eu o trato com preces, saudades, e uma saudável distância.

Mas ai, é claro, quando ele aparece, fraquejo, e vou vê-lo. Apenas para constatar que nada mudou, ou que assim todos nos enganamos, ou que as supostas melhoras aventadas apenas me fazem sofrer mais um pouco.

É sério. Eu fui ao cinema após longos meses de preparo psicológico, baixando como podia minhas expectativas, conforme explico um pouco mais abaixo. Eu fui com o coração tão aberto quanto pude - até com um certo entusiasmo, face à mudança do comando criativo da franquia. Eu achei que eu ia realmente curtir. Eu não achava que ia ser o ó do borogodó, eu achava que iria ser melhor do que pérolas como Insurrection ou Enemesis. Claro que isso devia ser obrigação, e não mérito, por um lado. Eu havia visto o trailer. Tudo colorido, tudo brilhante, e, de fato, tem um lens flare a cada cinco minutos, ou quase. Parecia divertido, um ótimo combate de naves, saltos de para-quedas de órbita, mais naves! Ok! Yaaay! Mas não vamos esperar mais do que isso - ei, Jornada nas Estrelas II e III são, em essência, aventuronas. Que mal há nisso? Não vamos esperar mais do que isso, repito.

Ou vamos?

O filme de J.J. Abrams tira das mãos dos responsáveis pelo afundamento da franquia, quebrando com um formalismo oriundo da segunda série de tv (caracterizada nos últimos quatro e cada vez mais desastrosos filmes), e indo na direção de algo mais aventuresco, concluído do que seria a série original dos anos 60.

Star Trek: All That Glitters

Até ai, ok, ainda que J. J. Abrams seja mais conhecido por hits de cinema (Cloverfield) e tv (Alias, Lost) que não precisem exatamente de muito conteúdo. Entre alguns amigos, havia a piada que repetíamos, "Gente!... é filme do J. J. Abrams!... vai ter gente bonita!... vai ter muita ação!... fotografia fodona!... altos efeitos especiais...! vai ser UMA MERDA!"

Ah, então é feio ter gente bonita, muita ação, fotografia fodona e altos efeitos especiais? Não, claro que não é, tá maluco?

O que é feio é só ficar nisso, especialmente se você leva o nome Star Trek na jogada, e ainda por cima quer remeter à velha série. Aquela mesma série que, ao contrário de todas as outras de FC dantanho, salvo Além da Imaginação, apesar de ser uma proposta bem diferente, era uma série que falava de racismo, males da guerra, códigos de conduta, etc, etc, e tal - podia fazer pensar E divertir - ei, revolucionário, não?

Star Trek: I Don't Give a Frak Anymore

Mas, já que vocês estão chegando até aqui, eu vou lhes contar o que realmente me fode nesse filme. Não, não é o apelo ao impetuoso-porém-sempre-certo. Não é a bicada na cronologia que existe além da questão da interferência temporal. Não é o fato de que os dois planetas centrais à trama se chamam Vulcan e Iowa. Não é o fato de se ter tanto, mas tanto e tanto já feito, e assim mesmo se abrir mão disso tudo em nome de liberdade para "criar". Não, também não é o fato de outra maldita viagem no Tempo. Não é o fato de, e sacaneio, um mineiro revoltado do Século XXIV ter conseguido fazer o que a Coletividade Borg não conseguiu. Não é o fato do vilão ser o segundo romulano com uma nave do Juízo Final na segunda vez consecutiva. Não é o fato de, apesar de ser Star Trek, a Astronomia não fazer mais sentido do que se fosse na velha série de Perdidos no Espaço. Não é o fato dos vulcanos não me convencerem. Não é o fato de sentir que nem Leonard Nimoy funciona como Spock.

Eric Bana: mineiro revoltado.

É o fato de ser mandatório gostar desse filme. Que os que não gostarem passam a "não saber o que estão perdendo". E quem tenta argumentar é "nerd chato babão". Que basta ser uma "aventura despretensiosa" - quando não há NADA, aprendam, NADA de despretensioso em qualquer projeto de milhões de dólares - para se passar a mão na cabeça por todas as suas incoerências. Eu odeio o discurso da simploriedade. E esse filme é simplório para caralho. Mas se FC reflete a mentalidade do tempo em foi escrita, então esses são os tempos da simploriedade. Filmes para o Homer Simpson não precisar entender.

E ai de quem um dia quis mais.

domingo, 3 de maio de 2009

A Roda do Tempo

Conforme anunciado na Rede RPG, a obra de Robert Jordan, Wheel of Time, inédita em Terras Brasis, será publicada ainda este ano. A casa é a Caladwin Editora, que começou com RPGs.

Previsões antigas...

... que viraram retrô. Eu amo isso.







Esse último aqui é motivo de discussão. Eu falo que FC aqui no Brasil é literatura de gueto, nego fica puto. Mas é.

FC é coisa de país industrializado, de tecnologia e ciência hard, e que sobretudo, como parte do investimento na indústria, acostuma a população a crer que a felicidade material está logo ali, daqui a alguns poucos anos. Ou seja, acaba acostumando a população que o esquisito tem sim, a ver com você e sua vida. A tecnologia entra no imaginário coletivo. Sem isso, não dá.

E não adianta dizer que Star Wars, Matrix e Arquivos X fazem sucesso, porquê ai é a) é uma questão de "filmes de ação" e b) uma questão de veículo, de mídia, e não de gênero. Repitam depois de mim, amiguinhos: hábito de ver televisão/ir ao cinema não gera hábito de leitura. Na melhor das hipóteses, um meio-termo, um suporte que tanto dependa de imagem como de texto: as histórias em quadrinhos.

Aqui no fazendão, se você quer escrever Horror, Fantasia, Realismo Mágico, vai fundo. Mas FC? Pouco provável.