sexta-feira, 26 de julho de 2019

Sextas de Sci-Fi: Três Visões Vernianas

Três vezes Verne.
Reenviamos hoje uma micro-entrevista feita no "Fevereiro Verniano" com três autores que tiveram Júlio Verne como personagem em seus escritos de ficção científica: Octavio Aragão, João Barreiros e David Brin.

http://planeta.rio/tres-visoes-vernianas/

quinta-feira, 25 de julho de 2019

The Forever War

The Forever War, de Joe Haldeman (Orion Press, 2009)

Spoilers abaixo.

Clássico da FC Militar, The Forever War (1974) é escrito por um veterano da Guerra do Vietnã (1955 - 1975), um ano antes da Ofensiva do Tet e da retirada das tropas americanas do sudeste asiático, dando fim ao conflito. Por ser a história que é e, imagino, capturar o momento, foi a obra vencedora dos Prêmios Hugo e Nebula, os máximos da FC norte-americana, além do Locus na categoria Melhor Romance do Ano.

A grande sacada de seu autor, Joe Haldeman, foi unir as consequências da dilatação do Tempo quando em velocidades próximas à da luz (o tempo passa bem mais devagar para um viajante nessas velocidades do que "do lado de fora") com a estranheza dos EUA no início e o fim da Guerra: uma América bem menos otimista e jovial do pós-II GM havia surgido; após toda a contestação, a contracultura beatnik, os assassinatos de Kennedy e Luther King, a Crise do Petróleo, hippies e o Verão de 68, os movimentos pacifista e ambiental, tensões étnicas, etc. etc. etc.

Soldados serviam até doze meses no Vietnã e, sobrevivendo, voltariam para casa. Mas a ideia é: e se eles ficassem todos os vinte anos fora de casa, no Vietnã? Como seria o contraste, ao voltar? Que EUA eles encontrariam? Como seria a sociedade? Perguntas feitas por alguém que teve que lutar para se reajustar à sociedade civil, especialmente após se ferir na guerra, ao servir em meados dos anos 60.

E Haldeman responde isso muito bem. A sociedade que ele imagina, no exótico mundo de 2024, ano do primeiro retorno do protagonista, o soldado William Mandella, é diferente o bastante do de sua partida, nos então distantes anos 90. Haldeman foi bem além do que nós fomos na vida real, com uma ciência astronáutica bem mais desenvolvida que em nosso mundo.

Mas ele reimaginou a sociedade de forma curiosa e amedrontadora, após episódios de fome mundial e um regime de força instaurado via ONU para assegurar que a sociedade não acabasse de descambar, com uma economia girando - e dependendo vitalmente - ao redor da guerra. A sexualidade é mais aberta, mas a seguridade social se torna cada vez mais escassa pela idade, até a inexistência. Cidades são aglomerados de pessoas em vários andares, todos com problemas altíssimos de segurança, sendo prática corriqueira contratar guarda-costas. Empregos são indicados pelo governo, mas há uma prática (ilegal) de subcontratar. Comunidades agrícolas semi-independentes correm à margem das cidades e do sistema, mas têm que enfrentar ataques de bandidos organizados; tudo com uma ligeira aura sugerindo o que vai ser explicitado em obras posteriores, de Mad Max ao cyberpunk.

A única certeza que Mandella tem é a da guerra. Ele se realista após experiências pessoais ruins, ele e uma colega de armas com quem já se relacionava nos tempos do serviço (o "amor livre" era prática na caserna), a cabo Marygay Potter. E a certeza de estarem juntos é também o que os conforta... por um tempo.

Mas nem na guerra a certeza lhe bastará: relíquia do fim do Século XX, ele irá se encontrar isolado culturalmente, entre o idioma que não mais fala e até mesmo sua sexualidade. Se apesar disso ele ainda tem que comandar os seus subordinados... o Exército deve saber o que está fazendo, não? :)

Mandella é um personagem curioso. Tem QI na base de 150, o que o candidata aos esquadrões de elite, com mestrado em Física. Ao mesmo tempo, não promove debate ou parece refletir o suficiente sobre o que ocorre. Não que não entenda, pelo contrário: talvez desde o começo perceba que não há nada a fazer em um sistema que depende da guerra para funcionar e, para isso, irá sacrificar gerações não raro com requintes de crueldade e passar um milênio em uma guerra contínua. Ele não busca informações sobre processos decisórios, alternando entre tempo de serviço e no que são breves momentos de fuga. Toda a informação que recebe é para fins práticos para a guerra. Deve ter sido processo similar na Guerra do Vietnã e o inimigo de aspecto mais estranho do que a norma étnica e cultural do soldado americano, assim como cultura e idioma, garantindo, suponho, uma barreira de comunicação perto do intransponível para a maioria. Ele não reflete, ele não julga, ele não condena - ele apenas prossegue.

O livro é o segundo escrito em um mesmo universo, o primeiro havendo sido War Year (1972), baseado nas cartas que enviou para casa, quando estava na guerra. Teve a sequência Forever Free (1999), um relato do ponto de vista da personagem Potter chamado A Separate War (1999) e uma sequência temática, não cronológica, chamada Forever Peace (1997). Há ainda adaptações para quadrinhos e uma para boardgame.

É um clássico instantâneo da FC Militar, como foi dito, sendo obra que merece estar ao lado de Tropas Estelares (1959), de Robert Heinlein, da qual tirou inspiração e de quem recebeu elogios.

Editora Aleph em vários fronts.

No Brasil, A Guerra Sem Fim pode ser encontrado pela editora Aleph, que também publicou a obra acima, investindo ainda na série mais recente A Guerra do Velho (2005, John Scalzi), apresentando ao público brasileiro três marcos do subgênero.

The Forever War
244 p
Orion Press

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Omelete de Duendes

Duendes - Contos Sombrios de Reinos Invisíveis ganhou uma matéria no Omelete, com trechos de contos de Diego Guerra, da organizadora Ana Lúcia Merege e deste que vos digita. A campanha de financiamento continua, aliás.

domingo, 21 de julho de 2019

Sextas de Sci-Fi: A Conquista da Lua

Não foi bem assim que aconteceu, mas quase lá...
Nas Sextas de Sci-Fi do Blog do #Planetário da Gávea: a Conquista da Lua!

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Crônicas da FC Brasileira - Argos e a Casa Fantástica

Nas Crônicas da FC Brasileira (link na coluna ao lado) do dia 16 de Julho, Gerson Lodi-Ribeiro discorre sobre sua presença na Casa Fantástica da FLiP e a entrega do Argos 2019.  Um vídeo sobre sua palestra está aqui.

sábado, 13 de julho de 2019

PRÊMIO ARGOS 2019 - RESULTADOS!







PRÊMIO ARGOS 2019 - RESULTADOS!
A Comissão do Prêmio Argos 2019 de Literatura Fantástica deseja parabenizar os participantes e em especial os ganhadores!
Seguem os resultados, com os ganhadores sendo citados em primeiro, nas suas categorias.


ROMANCE:
A Mão Que Pune - 1890 - editora Caligari, por Octavio Aragão (livro que comentei aqui)
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Corrosão - editora Caligari, por Ricardo Labuto Gondim
O Auto da Maga Josefa - editora Dame Blanche, por Paola Paola Lima Siviero


ANTOLOGIA ou COLETÂNEA
Fractais Tropicais - editora SESI-SP, org. Nelson de Oliveira
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2084: Mundos Cyberpunk - editora Lendari, org. Lidia Zuin
Aqui quem fala é da Terra - editora Plutão, org. André Caniato e Jana Bianchi

Lovecraftiano: Volume 1 por [Galvão, Marcelo A.]


CONTOS
Sombras no Coração - in: Lovecraftiana vol. 1, autopub., por Marcelo Marcelo Augusto Galvão
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A Noite Não Me Deixa Dormir - editora Dandelion, Camila Fernandes
Entre as Gotas de Chuva, Encruzilhada - in: Aqui quem fala é da Terra, editora Plutão, por Cirilo S. Lemos

A Comissão também agradece todos aqueles que ajudaram de alguma forma, em especial à Priscilla Lhacer pelo espaço na Casa Fantástica, durante a Feira Literária de Paraty.

Um forte abraço a todos e até ano que vem!

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Sextas de Sci-Fi: Mundos Imaginados

Vulcano, antes do Sr. Spock.

Nas Sextas de Sci-Fi no blog do #Planetário do Rio, o fim da série (não da coluna!) Nossos Astros na Ficção-Científica, com o artigo: Mundos Imaginados. #Astronomia

Esperamos que tenham gostado de viajar tanto quanto curtimos pesquisar. :)

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Duendes - Meta expandida



Dica de Donana Merege:

Arthur Rackham (1867 – 1939) nasceu em Londres, numa família com doze filhos. Segundo seu biógrafo, Derek Hudson, era apaixonado por desenho desde criança e escondia papel e lápis sob as cobertas; quando sua mãe confiscava o papel, desenhava (...)

Saiba um pouco mais sobre Arthur Rackham e ajude a duplicar as recompensas de Duendes! Lá na Estante Mágica de Ana Merege.


segunda-feira, 8 de julho de 2019

Artemis

"Para Michael Collins, Dick Gordon, Jack Swigert, Stu Rosa, Al Worden, Ken Mattingly e Ron Evans. Porquê esses caras nem de longe recebem crédito suficiente." - Artemis, 2019. Ed Arqueiro.

Artemis (original em inglês publicado em 2017) é o novo livro de Andy Weir, escrito após Perdido em Marte, que até virou filme com Matt Damon. Desta vez, a Lua é o alvo.

No final do Século XXI, finalmente colonizamos a Lua: é Artemis, construída por um esforço inciado no Quênia, após atrair empresas particulares de astronáutica com uma política de impostos quase nula. Diversos laboratórios e indústrias se estabelecem em seus cinco domos interconectados (temos belos mapinhas abrindo o livro), assim como comércio, turismo, serviços e atividades ligadas a uma vida civil não tão especializada.

A trama tem alguns tons noir, ao envolver gente de baixo na pirâmide social com a nata, que ostenta fachadas de legalidade: a protagonista é uma entregadora que tem uma lucrativa atividade de contrabando de pequenas regalias para quem pode pagar. Desde cedo às voltas com encrencas junto à polícia por pequenos delitos, ela tenta cavar um lugar ao sol - e a chance surge quando um de seus clientes a contrata para um ato de sabotagem fora da cidade. A trama, a partir daí, escalona para outros elementos, como monopólios, carteis do crime (destaque para "O Palácio"...) e etc.

Há algumas semelhanças deste livro com o anterior. Ambos são centrados sobre os protagonistas, tipos bastante inteligentes, muito obstinados e com uma boa dose de humor ácido, cheio de opiniões sobre cada detalhe que testemunham, vivenciam ou lembram, e que através de sua prosa informal procuram atenuar o derrame de detalhes técnicos para o máximo de leitores possíveis, ambas afinal são obras de hard science fiction

Os domos da cidade Artemis: nomes de astronautas que desceram na Lua.

Ao repetir essas semelhanças, um probleminha: por mais que Jasmine "Jazz" Bashara, aqui, seja mulher de origem saudita com problemas financeiros e daddy issues, enquanto Mark Watney de Marte é um americano branco sem maiores desenvolvimentos de antecedentes - até onde eu me lembro, ao menos -; o discurso entre ambos varia muito pouco, e essa impressão piora porque em ambas as obras a narrativa é em primeira pessoa. 

Lá pelo meio do livro até dá pra sentir um pouco mais de diferença, já que a situação em que ambos se encontram é diferente, apesar de algumas semelhanças (essencialmente dois solitários contra um ambiente hostil, mas o caso de Mark é, indubitavelmente, bem mais literal do que o de Jazz). Mas não muita.

O grande destaque é a construção pelo autor da cidade de Artemis (implicância: por que não traduziram como Ártemis? O nome da deusa é proparoxítona, na verdade, então, em Português rola acento na antepenúltima sílaba). É um ambiente detalhado e crível, seja pelos detalhes técnicos, seja pela população descrita que a habita, multiétnica e internacional. É uma boomtown controlada atrás das oportunidades na nova fronteira, e detalhes de como a economia funciona são bem apresentados aqui e ali ao longo do livro, assim como a correlação com a história em si.

Assim como Perdido em Marte, a pesquisa feita pelo autor, egresso da área da informática, impressiona pelo grau de detalhamento. E aí está um problema. Apesar, como eu disse, dele usar o máximo de um linguajar informal para diluir uma carga informativa técnica, eu senti que a prosa fluiria ainda melhor se certos detalhes fossem menos explorados: se você quiser saber como cortar coisas com um maçarico em pleno no vácuo, vá em frente, esse é o seu livro. Essa tendência piora no trecho final de Artemis, quando arriscadas situações de vida ou morte ocorrem, e a trama necessariamente fica bem acelerada: pesquisa não substitui história. Mas isso não desmerece o resultado do livro, de forma alguma, eu o devorei em dois dias.

É, antes de mais nada, uma declaração de amor ao Projeto Apolo, que levou o ser Humano até a Lua. A dedicatória que abre o livro é justa: a todos os terceiros astronautas de cada um dos voos, do XI ao XVII, aqueles que foram até a Lua - mas nunca desceram, sendo os pilotos da missão. E ao desejo que, pelo menos nos 2080s (informação via artigo na wiki, eu jurava que seria fins de 2060, dado que é dito que Star Trek tem cerca de cem anos), já estaremos lá de volta, definitivamente.

Um bom livro para ser ler às vésperas do cinquentenário do Homem na Lua.

Artemis
304 p.
Editora Arqueiro

domingo, 7 de julho de 2019

Years and Years

Acabei de ver por um acácio o 1x02 na HBO. Pelo showrunner original de Doctor Who (e a Trivia no IMDB nota as semelhanças usadas aqui e em alguns eps de DW).

É desse ano, é FC tão near future que começa ainda neste 2019 e segue pelos próximos 15 anos: colapso bancário, ecológico e geopolítico, Michael Pence, vice de Trump, agora é presidente de uns EUA tão fascista que o mundo começa a fazer sanções contra, os presidentes da China e Rússia - os próprios Xi Jinping e Vladimir Putin - se tornam vitalícios.

A série foca em uma família inglesa, com seus dramas e variedades, que será pega em cheio pela quebradeira. Os Lyons têm mais diversidade do que Sense 8, o que pode ser um pouco caricato, mas os atores seguram.

Conectividade rola solta (conferências via Echos da Amazon corriqueiras, com múltiplos participantes: o grupo de zap da família é ao vivo e em áudio), uma das adolescentes da família resolve assinar embaixo do credo transhumanista, com implantes subcutâneos que substituem parte de seu telefone.

Ao redor, o mundo deporta imigrantes como se nada fosse, um ataque nuclear americano ocorre em uma ilha artificial criada pela China em águas internacionais em disputa, Rússia controlando de vez a Ucrânia em um governo que tortura dissidentes e homossexuais, a toda hora pequenas reportagens ao fundo sobre sumiço de pássaros e insetos, aquecimento global, escassez, etc.

Os ingleses vêm pegando o jeito de fazer near future: em geral programas com gente comum, mas com um elemento tecnológico chegando e mudando tudo, deixando o julgamento mais para o espectador, ou ao menos ao meu ver. Humans é um bom exemplo.

Gostei. Ainda vem de brinde a Professora Sybil Trelawney e Mr. Claire.

Abertura de Cáprica

Ontem dia 6 de Julho foi a Galacticon, que falei mês passado. Meu amigo Ivo Heinz deu a palestra dele, e comentou que falaria sobre a Caprica (2011), "prequência" de Galactica (2004), falando de sua abertura.

É uma das minhas aberturas favoritas, pois acho riquíssima de detalhes que apresentam o drama. Fiz uma análise que, espero, ele pode ter se beneficiado em sua apresentação. Vou repassá-la aqui.

***

(0:01)
A câmera segue em um travelling contínuo até o último segundo, “sobrevoando” os núcleos principais da série: ela abre em uma cidade futurista, correndo para o prédio das Indústrias Greystone, o ambiente é automatizado e frio em tons esverdeados, e lá se encontra o empresário e cientista Daniel Greystone testando um protótipo cylon que, ao passar pela viga, transforma-se em sua filha Zoe, denotando a relação dela com os robôs. Uma segunda viga a “destransforma” para o cylon de novo, (0:12) mas passando por vegetação dando a impressão de um espinheiro, e a câmera avança por ela e revela, em cores azuladas e frias, um cemitério.

(0:14) Quatro personagens estão ali, dois homens, uma anciã e um menino. O homem à frente de chapéu está sobre uma lápide onde se lê Adama, que é o nome da família deles: ele é Joseph Adama, o pai e chefe da família, atrás, segurando um guarda-chuva, a avó, e ainda ao lado o filho William e o irmão Sam. Enquanto a câmera passa por esses dois, Sam põe a mão esquerda sobre o ombro, junto ao pescoço, de William, e afasta com a direita o paletó, revelando para a câmera antes dela sair que tem uma faca. A câmera busca a estátua de um anjo atrás dele e foca em sua mão estendida, e nova mudança de ambiente.

(0:25) A mão se fecha sobre um chip, as cores são quentes, e se vê duas personagens femininas dentro de uma igreja, uma mais velha e uma jovem: Clarice Willow e Lacy Rand. Clarice entrega-lhe o símbolo do infinito. A câmera passa por Lacy e nova mudança de ambiente.

(0:30) No topo de um prédio, com um VTOL decolando ao fundo, vê-se novamente Daniel Greystoke agora com sua esposa Amanda, a câmera vira por trás deles e vemos, entre eles, sua filha Zoe. Um zoom extra foca em um de seus olhos e vemos o brilho vermelho do olhar cylon, assim como o efeito sonoro característico. Há a primeira interrupção do travelling e temos a vista panorâmica de uma cidade futurista, fade to black e o logo da série surge, “Caprica”.

Avaliação:

A abertura sintetiza de forma primorosa em pouco mais de 40 segundos os núcleos e conflitos principais. Sob um certo aspecto, é um drama sobre duas famílias, logo no início de eventos que eles nunca terão ideia do que ocorrerá, nem seu papel na gênese de tudo, desenrolando-se décadas depois durante o massacre cylon, início da série anterior, "Galactica".

No primeiro trecho, sobre o que é a série: o nascimento dos cylons, Cybernetic Life-form Node; robôs para o combate. A transição com Zoe é a respeito da fusão de sua mente com as I.A. por trás dos robôs. Daniel Greystone também está ali não somente por ser um dos personagens principais da série, mas também mostra sua devoção para com seu trabalho, que na série aprendemos que está custando seu casamento.

No segundo trecho, a dinâmica dos Adama: em um ambiente lúgubre, a morte ronda esta família. A esposa e mãe, Shannon, e a filha e irmã Tamara morrem em um atentado logo no início da série. Ainda, a família e em seu passado eles próprios têm negócios rondando o equivalente da máfia. Ajoelhado e de costas para o resto, Joseph negligencia o filho, que cai sob a influência do tio, Sam. A passagem da câmera revelando a faca à cintura faz notar que é que um homem perigoso tendo influência sobre um jovem.


O terceiro trecho fala da questão religiosa e da manipulação da mesma pelas mãos da personagem Clarice sobre os mais jovens – ela é diretora de uma escola –, representada pela presença de Lacy. O símbolo do infinto é o símbolo dos Soldados do Um, fanáticos religiosos que provocam atentados terroristas: mas com o destino final de Lacy, isso pode ter mais significado do que aparenta, e inadvertidamente provocado por Clarice. Cabe notar que dentro da igreja está como se estivesse ventando e as cores e luzes quentes tremulam, como se estivesse tudo em chamas, senão ao redor, do lado de fora.


O quarto trecho volta aos Greystone, agora apresentando como núcleo familiar: elegantes e distantes, eles caminham no terraço de um prédio, e passam por sua filha Zoe no meio deles, sem em nenhum momento dirigirem-lhe o olhar, como se ela não estivesse ali. Ela também é negligenciada. Ela, por sua vez, olha direto para câmera, zoom in e sua fusão com os cylons é novamente sugerida.

A abertura fecha como abre, mostrando uma grande cidade futurista, antes do logotipo “CAPRICA” aparecer.

***

Em um escopo maior, já foi dito que Caprica é um retrato dos EUA: Os Greystone, assim como os Capricanos, são ou tendem a ser representados por atores que encarnariam o padrão WASP. Os Adama, gente morena de Tauron, seriam algo entre latinos ou italianos, vistos de maneira depreciativa, com laços com o crime organizado. Infiltrando-se cada vez mais, uma religião monoteísta capaz de atos de terrorismo contra religião vigente, politeísta.

Pessoalmente acho que não fez sucesso por acabar fundindo dois gêneros que não pensa em apresentar normalmente: a sopa opera, ou novela americana, com seus dramas familiares de casamentos em crise e filhos problemáticos; e uma temática de ficção-científica. Pessoalmente eu lamento que tenha sido cancelada em tão pouco tempo.

Luiz Felipe Vasques
28.06.2019

sábado, 6 de julho de 2019

Links novos ao lado - Cantinho do Gárgula e Estante Mágica

Dois lugares legais:

A Estante Mágica de Ana Lúcia Merege é o blog da minha e escritora de Fantasia, sobre literatura fantástica e eventos.

O Canto do Gárgula é do meu prezadíssimo Daniel Braga, devotado também à literatura fantástica e com uma pegada mais para o Terror/Horror. Daniel também é um dos autores do boardgame Labyrinx.

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Sextas de Sci-Fi: As Estrelas do Firmamento


Diferentes desenhos, diferentes culturas, mesmas estrelas.

Nas Sextas de Sci-Fi de hoje, no Blog do #Planetário da Gávea: Nossos Astros na Ficção Científica - Estrelas e Constelações.

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Duendes - Contos Sombrios de Reinos Invisíveis na Catarse.me

Outra belíssima capa!


A mais nova antologia organizada pela editora Draco está em financiamento coletivo aqui. É de fantasia sombria, envolvendo o Povo Pequeno da floresta, em várias visões folclóricas diferentes ou de inspiração mais pessoal.

Das informações no link,

"O livro foi organizado por Ana Lúcia Merege, que também colabora com um conto. Os demais autores são Aya Imaeda, Simone Saueressig, Isa Prospero, Cristina Pezel, Diego Guerra, Luiz Felipe Vasques, Silas Chosen, Daniel Folador Rossi e Sid Castro."

Espero que gostem!