A Ilha dos Dissidentes, ed. Gutenberg
A Ilha dos Dissidentes é o romance de estreia da brasiliense Barbara Morais, e segue pelo nicho de mercado do young adult, lugar este que ultimamente tem rendido populares acertos juntos com a Ficção-Científica.
Nele, em uma sociedade séculos à frente, transformada por guerras, divide-se em dois grandes blocos mundiais em oposição um ao outro, enquanto mutações levam à geração das aberrações, indivíduos com os genes alterados o suficiente por radiação, armas químicas e mesmo tempestades solares que acabam nascendo com superpoderes.
Como o nome indica, as aberrações são tratadas como cidadãos de segunda categoria, ferramentas e mesmo armas no conflito das duas nações, obrigadas a se vestirem de forma que as distinguam como tal e, a qualquer momento, podendo ser enviadas a missões mortais pelo regime. Vivem em cidades para elas somente, não sendo necessariamente desconfortáveis (Pandora parecia um ótimo lugar para se viver, aliás).
Narrado do ponto de vista da protagonista Sybil, uma órfã sobrevivente de um naufrágio (onde descobriu ter poderes) que chega a Pandora, cidade de aberrações, e cai em uma família adotiva amorosa, faz amigos e coisas do tipo - quando acaba sendo convocada pelo Estado...
O livro é uma boa aventura - e a isso se propõe - e ótima estreia da autora, terminando com bons ganchos para as sequências: é o primeiro duma trilogia, conforme na capa.
Contudo, cabia um melhor tratamento na revisão do texto.
A autora contou que teve a história inspirada após uma aula de Ciências Políticas, o que faz bastante sentido. FC tem sempre a chance de questionar a condição humana ao oferecer-se como metáfora da mesma, extrapolando em um cenário extremo ou simplesmente estranho. Cenário que, no caso, encontra eco nos quadrinhos, impossível não se lembrar, face a condição das aberrações, a Irmandade dos Mutantes da Marvel e seu líder, Magneto - embora esta não seja a condição aqui. Bem, não nesse primeiro livro... :)
Bom começo. Que venham as sequências.
Barbara Morais - A Ilha dos Dissidentes
304 p.
Editora Gutenberg.