Com um terço aproximadamente do livro original, mas sem precisar ambientar o leitor com todas as novidades trazidas pelo cenário rico e complexo como em Duna, esta sequência deixou alguns nomes conhecidos de fora: Gurney Halleck e Lady Jessica estão em Arrakis, mas somente dela só sabemos e através de uma carta enviada, em que ela alerta sobre os perigos da religião se unindo ao Estado, deixando Alia preocupada - e, de quebra, gerando um daqueles trechos cuja atualidade para nós, leitores, sempre é perturbadora. Tais perigos são melhor demonstrados, aliás, na sequência Os Filhos de Duna, em que ela volta a protagonizar.
domingo, 17 de outubro de 2021
O Messias de Duna
Com um terço aproximadamente do livro original, mas sem precisar ambientar o leitor com todas as novidades trazidas pelo cenário rico e complexo como em Duna, esta sequência deixou alguns nomes conhecidos de fora: Gurney Halleck e Lady Jessica estão em Arrakis, mas somente dela só sabemos e através de uma carta enviada, em que ela alerta sobre os perigos da religião se unindo ao Estado, deixando Alia preocupada - e, de quebra, gerando um daqueles trechos cuja atualidade para nós, leitores, sempre é perturbadora. Tais perigos são melhor demonstrados, aliás, na sequência Os Filhos de Duna, em que ela volta a protagonizar.
quarta-feira, 13 de outubro de 2021
Kirk in spaaaace!
Ok, várias coisas aqui...
Por um lado, tudo parece ser brincadeira entre multimilionários, com pouco ou nenhum recurso dizendo a respeito da sociedade. Como se apontando um futuro estilo Elysium, aliás corroborável aqui...
Mas... MAS... há que se lembrar que a aviação começou também como algo para poucos, entre multimilionários de época e Estados.
O que aconteceu hoje foi um golpe publicitário? Duh. Double duh. Ao brincar de Cabhum orbital, isso demonstra que mesmo um nonagenário com histórico de alcoolismo pode peitar 5,5 G de arranque.
Notem: isso não apenas soa como um presente inventivo para o níver do sogrão ou do vovô do Homem que Tem Tudo, mas contradiz a imagem que, para se estar em órbita, há que se estar no ápice da forma física e intelectual, ser o melhor da espécie Humana: não, o vovô cachaça também pode estar lá. Por tabela, você - sim, você, lendo isso aqui, que em termos olímpicos é meio esquisito e, pior: você, que não tem neto ou genro bilionário, também pode estar lá: pois a impressão que fica é a de acessibilidade, e isso conta.
William Shatner aos 90 anos se torna a pessoa mais idosa a ir ao espaço, recorde anterior sendo da turista espacial Wally Funk (83 anos, em julho de 2021). Ambos foram pela Blue Origin de Bezos, e são voos suborbitais, atingindo 80 km de altitude (o que os americanos chamam de espaço por questões políticas, mas nem entremos nessa pendenga). Mas antes, houve John Glenn.
John Glenn (1921 - 2016), o primeiro astronauta americano a orbitar a Terra em 1962, pilotando uma cápsula Mercury. Havia sido fuzileiro, piloto de aviação de caça condecorado, na II GM e na Coréia; e no devido tempo, senador. Em 1998 ele volta ao espaço pelo ônibus espacial Discovery, como participante de uma pesquisa sobre reações do organismo humano de uma pessoa idosa naquelas condições. Neste seu último voo ao espaço ele tinha 77 anos.
Bom, vamos lá: não vamos nos enganar que ninguém é imune às necessidades da publicidade. Mesmo a NASA precisa disso: li certa vez que a miopia do Hubble teria se dado pelo lançamento antecipado do próprio, comprometendo um dos espelhos refletores de fundo; antecipação forçada pelo desastre da Challenger de anos antes, e a empresa precisava de algo que demostrasse a necessidade do programa espacial para o grande público. Mas aqui, o dinheiro é público, e se por um lado satisfações nunca são de menos, por outra o Homer Simpson que se ajuda a ser também não colabora.
Ainda, não precisamos lembrar de Jeff Bezos e sua "Sue" Origin, ou do quão "polêmica" é a figura de William Shatner.
A questão, portanto, é sobre quantos mais irão se beneficiar dessa indústria nascente. Pessoalmente eu desconfio, e muito, de interesses particulares dessa monta porque, bolas, eles são PARTICULARES, e o benefício social é algo a se adivinhar, uma bola enviesa para a qual você pode apenas torcer.
A não ser que você seja como Santos-Dumont, com fortuna de família, que nunca se importou em patentear nada, fornecendo cópias de projetos a quem assim quisesse: sua ideia era, vamos todos voar juntos. Como consequência, mais pessoas conseguiram bolar seus próprios empreendimentos aéreos, ao passo que os irmãos Wright procuraram processar cada um que surgisse com um mais-pesado-do-que-o-ar (e perderam TODOS os processos). O resultado? Bem, os irmãos Wright podem ter sido os verdadeiros pais do avião, mas da Aviação? Esse foi Dumont. Seu legado não é somente tecnológico.
Temos algum Dumont, com esse tipo de visão, na praça?
Eu acho que não. Dumont já era uma mentalidade velha, em seu tempo, um romantismo-idealismo que se apagava com o Século XIX. O novo século era da mentalidade dos Wright.
Só que tem o seguinte, depois de tudo contextualizado e desconstruído, ainda tem o seguinte:
É a porra do Capitão Kirk.
Os caras meteram o Capitão Kirk no espaço.
Se por mais nada, isto.
Imagino se Elon Musk, capaz de realmente por pessoas não-qualificadas em órbita por alguns dias, não está ligando para Patrick Sewart.
Sci-Fi Tropical
Sci-Fi Tropical é o blog de ficção científica de meu prezado Rubens Angelo, designer e escritor, já na coluna ao lado. Destacam-se seus minibooks editados com contos de muita gente boa, além do resgate de parte da memória da FCB.
Já na coluna ao lado.