segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Éden 4 e Outras Histórias Fantásticas
Éden 4 e Outras Histórias Fantásticas (2001), de Alexandre Raposo, é uma coletânea de histórias que variam entre ficção-científica e as que têm certo tom de estranheza, lembrando às vezes o que vi de Richard Matheson, embora uma certa virulência deste falte em Raposo. Claro, a idéia não é uma comparação frontal.
Buscando um sense of wonder em alguns contos, Raposo despeja informação e números, é bom pelo menos ver - ou sentir... - que alguma pesquisa foi feita. Entretanto, os textos às vezes me soam no limite do prolixo, mas não compromete, de fato, a leitura. E sim, o sense funciona.
Há uma certa dose comedida de bom-humor (sombrio no mínimo, senão negro), que às vezes deixa a narrativa mais leve, ou simplesmente mais estranha, que funciona para a história em questão.
No geral, os contos são interessantes, a destacar:
A Caixa de Pandora e Éden 4 são as que talvez mais se "comprometam em ser" ficção-científica. A Caixa... nos traz uma das sondas Voyager e seu famoso disco de ouro, com informações sobre a cultura humana, como o centro motriz de uma civilização que a encontra, bilhões de anos no futuro. A história desta raça é contada em retrospecto, e seu empenho em encontrar os seres Humanos. Não escapa da tentação de revelar surpresas no último momento possível (como também no conto A Onda), mas ao menos não se tornou o clichê que eu receava que fosse.
De Olhos Bem Abertos, referência óbvia ao penúltimo filme de Stanley Kubrick, embora a história nada tenha a ver, daria um bom roteiro, envolvendo crime e parapsicologia. Tem um belo final.
Entrevista com um Alienígena usa como base exogênese e, se entendi, xamanismo. É bem interessante, e de forma similar ao A Caixa de Pandora, os Bilhões e Bilhões estão aí, perfilando, para a nossa consideração.
Ambulante ("senhoras e senhores passageiros, eu poderia estar roubando, mas estou aqui...") é uma piada, da qual já ouvi se tornando realidade: ninguém pode dizer que eles não tentam. Não tem nada de literatura fantástica, mas também não precisa.
A Cerveja em Três Tempos também é bastante divertida, fala de cerveja, agruras e soluções através da História.
Justiça é o conto mais sombrio de todos, uma história sobre vingança, que não se espera ouvir enquanto seu bar favorito está fechando. Ou talvez sim.
Éden 4, a história-título, fecha o volume e é sobre um astronauta que retorna à Terra e à consciência duas vezes no futuro distante e mais distante ainda, primeiramente em uma espécie de distopia feminista e depois, para uma nova chance para a Humanidade como um todo, em um final que remonta antigos inícios.
Particularmente fracos eu achei A Onda, Ano-bom e Succubus.
Boa e - sim - rápida leitura, concluí em poucas horas.
Éden 4 e Outras Histórias
240 p.
Editora Record
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