sábado, 2 de fevereiro de 2019

Síndrome de Quimera

Resgatei, de um endereço que não tem mais, uma antiga resenha minha sobre Síndrome de Quimera, do meu saudosíssimo Max Mallmann. Esta e a de Zigurate devem estar entre as minhas primeiras, e por mais do que isso eu tenho um certo carinho por esses texto. Na íntegra, segue como publicado originalmente em 29 de Janeiro de 2006:
----------



Síndrome de Quimera

Max Mallmann. Editora Rocco. Rio de Janeiro, 2001. 100 págs.

    Síndrome de Quimera, o terceiro livro do gaúcho Max Mallmann, atualmente roteirista da Rede Globo, é, no mínimo, insólito.

   Uma história na melhor tradição do realismo fantástico latino-americano, Mallmann nos conta uma história repleta de surrealismo sem perder de vista o quotidiano, com tons de tragédia sem entretanto nunca perder o bom-humor. Os personagens são a princípio tipos comuns, com suas vidas normais, do pano de fundo da cidade - a não ser por detalhes estranhos: uma personagem tem os olhos brilhantes como os de um vampiro; outro, de vez em quando, para relaxar do dia a dia, põe o cérebro de molho - literalmente -; e o próprio protagonista tem seus problemas, com uma pequena serpente que lhe envolve o coração... falar mais é começar a estragar a surpresa.

   Mas basta dizer que, pessoalmente, o tratamento dado ao caso tem um quê de Neil Gaiman, autor da série de quadrinhos Sandman: as coisas são surreais apenas porquê são, sem nenhuma fanfarra ou pseudoexplicação esotérica-mística - e isso não impede que o surreal seja um ótimo vizinho, ou companheiro de mesa de bar.

   São cem páginas de texto que vão nos levando como se fosse uma agradável conversa de bar regada com muita cerveja, onde aliás a história começa - após uma apresentação no capítulo 1 -, desenrolando-se com uma fluidez que convida o leitor a simplesmente devorar o livro: começou, não tem muito como largar. (Luiz Felipe Vasques)

Nenhum comentário: