terça-feira, 29 de março de 2022

Zona de Combate

Soldado e o Falcão Invernal.

Spoilers abaixo. Be warned.

 Zona de Combate (2021) estrela Anthony Mackie e uma cara conhecida que nunca sei o nome mais gente que não faço ideia. Entre quem não conheço, Damson Idris, no papel do protagonista, o tenente Harp, um piloto de drones que desobedece a cadeia de comando ao tomar a iniciativa de atacar, gerando a morte de dois soldados americanos.

Nas suas duas horas, é um filme com alguns temas e mensagens, ao menos que eu tenha percebido.

Por uma, tem o militar americano que aprende em primeira mão a brutalidade da guerra, após uma carreira como piloto de drones vendo tudo 'como um videogame': talvez essa 'história de redenção' cole se você for americano, não me admiraria se fosse uma forma de amortecer alguma sensação contínua de vilania que as massas possam estar ou vir a sentir - nem é o primeiro filme a abordar essa premissa.

Afinal, situado no futuro próximo de 2039, é em plena Ucrânia, envolvendo invasões russas, movimento de resistência, zonas desmilitarizadas, terroristas e etc.

Um outro tema é a IA que sai do controle, manipulando e passando a perna em seus criadores, que é um tema que tem surgido ultimamente em filmes como Ex_Machina: Instinto Artificial (2014), Archive (2020) e I Am Mother (2019). Complexo de Frankenstein, como nos alertava Asimov (o clichê, em sua época já, de 'homem cria robô, robô mata homem')? Provavelmente sim, mas cada filme tem o seu próprio take no que faz o filho rebelde da Humanidade.

... muitas e mais palavras desde aquela época.

No caso, a IA em questão (Leo, papel do antagonista interpretado pelo Falcão) de fato quer partir da pra grosseria em larga escala, manipulando toda uma complexa situação para provocar um ataque nuclear que só a Resistência quer em cidades americanas, desejando que isso pare a principal nação guerreira do mundo de suas práticas - levando em conta a própria criação, uma máquina tão sofisticada que sua inteligência consegue enrolar seres humanos, não bastasse ainda ser uma lean mean killing machine: o próximo passo de drones de combate, que já não estão somente no ar, mas também em terra.

Temos aqui, inclusive, o tema de drones na guerra, com a ideia de que eles não são nenhuma resposta ideal: de novo, a ideia de 'perdas aceitáveis' vira e mexe permeia e assombra.

From Russia, with love.

O problema é, que apesar da parte mais interessante do filme seja justamente a - presumível - mudança de pensamento de um Harp conflitado (a respeito do que sejam "perdas aceitáveis"), enquanto vai sendo manipulado a cada cena por Leo e um grande debate ético entre eles (comprimido entre cenas de ação e outras cenas da história), a linha de argumentos de Leo é tão convincente que o argumento de Harp ao final do filme parece batido demais como clichê, talvez apenas colando... se você for americano.

Ou, porque não há outra forma de se pensar/almejar: se por esperança ou conformação, bem...

No final, considerando tudo, o filme é interessante e bem recheado até, para suas duas horas. Mas eu não priorizaria.

Perdas aceitáveis, ou: no dos outros é refresco.

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